quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

SIFEDOC POA 2013 - Increva-se!!

Vamos participar!!! Inscreva-se para apresentação de trabalhos.
Tem certificado e publicação nos Anais do evento!
Ótima oportunidade de debate e aprendizagem.
Aproveite!!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

RESUMO DE LIVROS - FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido

Educação é um ato político e pedagógico. Não é neutro.
Os educadores necessitam construir conhecimentos com seus alunos, visando o bem da sociedade tornando-se profissionais da pedagogia e da política.
Freire é contra o propósito de informações, ou seja, a pedagogia bancária, por não considerar o conhecimento e cultura dos educandos. Acredita que deve ser respeitar a linguagem, a cultura e a história de vida dos alunos, de forma que os conteúdos não fujam da realidade dos mesmos.
Para isso tem por base o dialogo libertário, pois mesmo as pessoas não alfabetizadas tem cultura e quando o educador consegue fazer ponte entre a cultura dos alunos, estabelece-se o diálogo para que novos conhecimentos sejam adquiridos.
Destaca ainda que a “A LEITURA DO MUNDO PRECEDE A LEITURA DA PALAVRA”, pois é a partir da leitura do mundo que cada educando constrói novos conhecimentos, sobre leitura, escrita, cálculos, etc.
A tarefa da Escola é desvelar para os homens as contradições que a sociedade vive. No livro, ele retrata a experiência de cinco anos de exílio.
A educação bancaria se caracteriza pela relação professor-aluno hierarquizada e distanciada, onde nenhum é sujeito de construção do conhecimento, já que defende que é com colaboração que se constroem o conhecimento numa investigação constante, de forma humanista, libertária de si e dos opressores.
A obra problematiza a pedagogia do homem ao contrÁrio da pedagogia que parte dos interesses individuais, egoístas e opressores, aparece a pedagogia libertária, possível através da união entre teoria e pratica, onde a liderança revolucionária estabelece uma relação dialógica fazendo com que educador e educando ensinem e aprendam juntos. Diálogo é o fator essencial para construir seres críticos. Ele é contrário a teoria anti-dialógica que é caracterizada das elites dominadoras.
A divisão da classe popular é importante para a classe opressora porque sem ela, corre o risco de despertar na classe oprimida o sentido de união, que é elemento indispensável a ação libertadora.
O primeiro passo para a unificação é conhecer a verdadeira face do mundo e que vive.
Aa ação cultura está a serviço da opressão consciente ou inconsciente, ou a serviço da libertação dos homens.
A divisão de classes gera duas pedagogias:
1.Pedagogia dos dominantes: onde a educação existe como prática de dominação rígida, nega a educação e conhecimento como busca, onde educador é o sujeito e o educando objeto.
2.Pedagogia do Oprimido: onde a educação surgiria como prática da liberdade.
O movimento praa a liberdade deve surgir primeiro pelos oprimidos, não só com a consciência critica da opressão, mas se impondo a transformar essa realidade.
Seu método coloca o alfabetizando e,m condições de poder, aprendendo a escrever a vida, como autor e testemunha de sua própria realidade
Alfabetizar é consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, é toda pedagogia: aprender a ler, a dizer sua palavra.
A luta pela humanização, trabalho livre, desalienação, afirmação do homem e tem sentido quando os oprimidos buscarem recuperar sua humanidade.
Sua preocupação é que a pedagogia faça da opressão, reflexão dos oprimidos , para isso é necessário a luta pela libertação, esta é um processo doloroso, depende que o próprio individuo expulse o opresso de dentro de si.
A libertação precisa ganhar consciência critica da opressão,na práxis, refletir a ação do homem sobre o mundo e transformá-lo.
A educação como prática de liberdade implica a negação do homem abstrato, solto,m desligado do mundo, assim tanto a negação do mundo como realidade ausente.
Para o educador, o educando, o diálogo, problema conteúdo não é doação ou imposição, mas devolução organizada, sistematizada e acrescentada do povo daqueles elementos que 4este lhe entrega de forma desestruturada.
]a manipulação é uma das características da teoria da ação anti-dialógica, através dela tenta-se conformar as m,assas e seus objetivo. As crianças deformadas num ambiente de desamor, opressivo, frustrados, poderão assumir na juventude formas de ação destrutivas.

Capítulo 1 – A Justificativa da Pedagogia do Oprimido
A justificativa da Pedagogia do Oprimido é a desilusão filosófica e política sobre a relação dominação-opressora/oprimido, propondo a separação desta contradição a partir de uma re-humanização dos oprimidos, através da pratica pedagógica, auxiliando a libertação.
A opressão e suas causas devem ser refletidas, resultando em lutas orientadas pela pedagogia, enfrentando o medo da liberdade. Este não se liberta sozinho, mas e comunhão com outras de situação semelhante, dialogando, se colocando como sujeito e não objeto.
Nada justifica a manipulação. Esta libertação deve ser liderada pelo oprimido.

Capítulo 2 – A Concepção Bancária da Educação Como Instrumento de Opressão
Freire é contra a proposta tradicional que domestica e amansa os alunos, tornando-os seres para o outro e não seres para si. Além da ralação com a dominação e com a estrutura social, econômica e cultural da sociedade, na educação bancária não cabe o diálogo, elemento fundamental para a ação transformadora. Nesta educação o educador educa, os educandos são educados.é importante perceber que Freire introduz o conceito de consciência, como exercício intencional de compreensão da realidade. Para Libâneo, o pensamento critico é o capaz de estabelecer condições de vida dos indivíduos e as estruturas sociais.

Capítulo 3 – A Dialogicidade, Essência da Educação Como Pratica da Liberdade
Vale para a palavra o mesmo que para a realidade: a dimensão da ação e a dimensão da reflexão, sem dimensão da ação tem-se o verbalismo, sem a reflexão o ativismo. A palavra é ato libertador, controlá-la sobre palavra-mundo, torna a chave essencial de domínio dos mecanismo de poder.
Os conteúdos formais, tradicionais, só tem sentido se partisse dos próprios objetos e das vivências do mundo daquelas pessoas envolvidas no processo, e a escolha deveria ser realizada a partir do diálogo com essas pessoas. Sua proposta é extra-escolar e comunitária.
Critica que, mesmo com a modificação de idéias a prática continua a mesma nas redes de ensino.

Capítulo 4 – A Teoria da Ação Antidialógica
Ação Antidialógica é baseada em elemento de garantia dos dominadores, estabelecendo qualidade na relação perpetuando no mundo a distribuição da força e poder que lhes sé favorável.
Tem por características:
• A conquista: ato ou processo necessário ao dominador;
• Divisão dos oprimidos: com conseqüência visão focalista e fragmentada da realidade;
• Manipulação da população: que funciona tanto melhor quanto mais forte for o mundo de informação;
• Invasão cultural: imposição da visão do mundo, valores, idéias e comportamentos da cultura do dominador, inibindo a criatividade e a afirmação da identidade do dominados.

Conclusão
São problemáticas:
1. Orientação materialista: onde ele aborda questões de classes sociais;
2. A pedagogia tradicional
Sua pedagogia é de conscientização política da educação com normas e metodologias e lingüísticas que desafia o homem a preocupar-se como código escrito e a política.

In:  http://lidialindislay.blogspot.com.br/2010/03/resumo-de-livros-freire-paulo-pedagogia_12.html

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A importância do lúdico na aprendizagem, com auxílio dos jogos.

A educação para obter um ensino mais eficiente aperfeiçoou novas técnicas didáticas consistindo numa prática inovadora e prazerosa. Dentre essas técnicas temos o lúdico, um recurso didático dinâmico que garante resultados eficazes na educação, apesar de exigir extremo planejamento e cuidado na execução da atividade elaborada. O jogo é a atividade lúdica mais trabalhada pelos professores atualmente, pois ele estimula as várias inteligências, permitindo que o aluno se envolva em tudo que esteja realizando de forma significativa. Através do lúdico o educador pode desenvolver atividades que sejam divertidas e que sobretudo ensine os alunos a discernir valores ético s e morais, formando cidadãos conscientes dos seus deveres e de suas responsabilidades, além de propiciar situações em que haja uma interação maior entre os alunos e o professor numa aula diferente e criativa, sem ser rotineira. Palavras Chaves: educação, ensino, lúdico, jogo, dinâmico, educador, valores.
A princípio, a explanação desse trabalho tem como objetivo mostrar a importância de se trabalhar o lúdico na esfera escolar para a obtenção de qualidade no processo educacional. E para que essa aprendizagem aconteça de forma significativa e dinâmica, o professor tem como apoio a técnica dos jogos.
São muitos os estudiosos do assunto, e para este trabalho foram consultados autores que relatam a importância do lúdico e do uso dos jogos em atividades didáticas para fundamentar ainda mais os pontos principais e melhor afirmar o que foi explanado, são eles: Airton Negrine, Celso Antunes, Gilda Rizzo e Helena Nylse Cunha.
A educaçà £o tem por objetivo principal formar cidadãos críticos e criativos com condições aptas para inventar e ser capazes de construir cada vez mais novos conhecimentos. O processo de Ensino/Aprendizagem está constantemente aprimorando seus métodos de ensino para a melhoria da educação. O lúdico é um desses métodos que está sendo trabalhado na prática pedagógica, contribuindo para o aprendizado do alunado possibilitando ao educador o preparo de aulas dinâmicas fazendo com que o aluno interaja mais em sala de aula, pois cresce a vontade de aprender, seu interesse ao conteúdo aumenta e dessa maneira ele realmente aprende o que foi proposto a ser ensinado, estimulando-o a ser pensador, questionador e não um repetidor de informações.
È preciso ressaltar que o termo lúdico etimologicamente é derivado do Latim “ludus” que significa jogo, divertir-se e que se refere à função de brincar de forma livre e individual, de jogar utilizando regras referind o-se a uma conduta social, da recreação, sendo ainda maior a sua abrangência. Assim, pode-se dizer que o lúdico é como se fosse uma parte inerente do ser humano, utilizado como recurso pedagógico em várias áreas de estudo oportunizando a aprendizagem do indivíduo. Dessa forma, percebem-se as diversas razões que levam os educadores a trabalharem no âmbito escolar as atividades lúdicas.
Como vemos Gilda Rizzo (2001) diz o seguinte sobre o lúdico:
“… A atividade lúdica pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador, interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual.” (p.40).
Diante de tal pensamento que a estudiosa coloca, observa-se que o principal papel do educador é estimular o alunado à construção de novos conhecimentos e através das atividades lúdicas o aluno acaba sendo desafiado a produzir e oferecer soluções às situações-problemas impostas pelo educado r. Pois o lúdico é um dos motivadores na percepção e na construção de esquemas de raciocínio, além de ser uma forma de aprendizagem diferenciada e significativa.
Convém ressaltar que o educador deve ter cuidado ao desenvolver uma atividade trabalhando o lúdico, por ser uma tarefa dinâmica, o professor fica na condição de estimulador, condutor e avaliador da feitura da atividade, no entanto o educador é o elo entre o lúdico e os alunos.
Da mesma forma deve ater-se na quantidade de atividades lúdicas, pois utilizada exageradamente acabam tornando-se rotineira e transformando-se numa aula tradicional.
Nylse Cunha (1994) acredita que a ludicidade oferece uma “situação de aprendizagem delicada”, ou seja, que o professor precisa nutrir o interesse do aluno, sendo capaz de respeitar o grau de desenvolvimento das múltiplas inteligências do mesmo, do contrário a atividade lúdica perde completamente sua riqueza e seu valor, além do mai s o professor deve gostar de trabalhar esse novo método sendo motivador a fazer com que os alunos gostem de aprender, pois se o educador não se entusiasmar pelo que ensina o aluno não terá o interesse em aprender.
<p>Celso Antunes (2001) argumenta da seguinte forma: “Um professor que adora o que faz, que se empolga com o que ensina, que se mostra sedutor em relação aos saberes de sua disciplina, que apresenta seu tema sempre em situações de desafios, estimulantes, intrigantes, sempre possui chances maiores de obter reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitável tédio da vida, da profissão, das relações humanas, da turma…”(p.55).

A atividade lúdica mais trabalhada atualmente nas escolas pelos professores é o jogo, principalmente nas salas de aula do ensino fundamental por ter sua clientela na maioria das vezes formada por crianças. Sendo importante dizer que a palavra “jogo” foi utilizada para se referir ao “brincar” , se tratando de forma lúdica, levando em conta que o indivíduo não apenas se diverte jogando, mas também aprende.
A palavra “jogo” etimologicamente origina-se do latim “iocus”, que significa brincadeira, divertimento.
Em alguns dicionários da Língua Portuguesa aparece com definição de “passatempo, atividade mental determinada por regras que definem ganhadores e perdedores”.
Numa de suas palestras Airton Negrine (1997) cita o seguinte:
“… a palavra “jogo” apresenta significados distintos uma vez que pode ser entendida desde os movimentos que a criança realiza nos primeiros anos de vida agitando os objetos que estão ao seu alcance, até as atividades mais ou menos complexas…” (p.44).
Pode-se dizer então que a palavra “jogo” apresenta significados variados, desde uma brincadeira de criança com fins restritos em diversão até as atividades mais complexas com intuito de adquirir novos conhecimentos.
Gild a Rizzo (2001) diz que “os jogos, pelas suas qualidades intrísecas de desafio à ação voluntária e consciente, devem estar, obrigatoriamente, incluídos entre as inúmeras opções de trabalho escolar.”
Pois o objetivo principal do jogo como atividade lúdica é proporcionar ao indivíduo que está jogando, conhecimento de maneira gratificante, espontânea e criativa não deixando de ser significativa independente de quem o joga, deixando de lado os sistemas educacionais extremamente rígidos.
Trabalhar com os jogos na sala de aula possibilita diversos objetivos, dentre eles, foram pontuados os seguintes:
  • Desenvolver a criatividade, a sociabilidade e as inteligências múltiplas;
  • Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar ativamente;
  • Enriquecer o relacionamento entre os alunos;
  • Reforçar os conteúdos já aprendidos;
  • Adquirir novas habilidades;
  • Aprender a lidar com os resultados indepen dentemente do resultado;
  • Aceitar regras;
  • Respeitar essas regras;
  • Fazer suas próprias descobertas por meio do brincar;
  • Desenvolver e enriquecer sua personalidade tornando-o mais participativo e espontâneo perante os colegas de classe;
  • Aumentar a interação e integração entre os participantes;
  • Lidar com frustrações se portando de forma sensata;
  • Proporcionar a autoconfiança e a concentração.
Nota-se também um entusiasmo maior sobre o conteúdo que está sendo trabalhado por haver uma motivação dos educandos em expressar-se livremente, de agir e interagir em sala de aula. Mas lembrando sempre que os jogos devem está devidamente associado aos conteúdos e aos objetivos dentro da aprendizagem, auxiliando a parte teórica, tornando o ensino mais prazeroso apresentando opiniões para crescer ainda mais o trabalho dos profissionais da área da educação.
Diante de tal objetivo, os jogos esco lhidos pelos educadores para trabalhar precisam ser estudados intimamente e analisados rigorosamente para serem de fato eficientes, porque os jogos que não são testados e pesquisados não terão seu exato valor, tornado-se ineficazes, obviamente, uma atividade lúdica nunca deve ser aplicada sem que tenha um benefício educativo. O professor pode criar seus próprios jogos, a partir dos materiais disponíveis na instituição de ensino em que leciona ou até mesmo na sala de aula, porém precisa atentar para a forma de como serão trabalhados, não esquecendo os objetivos e o conteúdo a ser desenvolvido. O educador precisa ter muito mais força de vontade, criatividade, disponibilidade, seriedade, competência que dinheiro para construir um jogo.
Celso Antunes (2003) cita o seguinte sobre o jogo:
“O jogo é o mais eficiente meio estimulador das inteligências, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja. Quando joga, passa a viver quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem limitações. Pode ser grande, livre, e na aceitação das regras pode ter seus impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço, envolve-se com a fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real”.
De acordo com Celso Antunes, pode-se afirmar que a ludicidade do jogo proporciona momentos mágicos e únicos na vida de um indivíduo, pois no mesmo instante que diverte, ensina e desenvolve o raciocínio e a criatividade além de obter responsabilidade diante da situação colocada a ele.
Diante de tudo que fora mencionado, pode-se dizer sem sombra de dúvida que o lúdico é importante sim para uma melhoria na educação e no andamento das aulas, provocando uma aprendizagem significativa que ocorre gradativamente e inconscientemente de forma natural, tornando-se um grande aliado aos professores na caminhada para bons resultados.
E que é dever do professor mudar os padrões de conduta em r elação aos alunos, deixando de lado os métodos e técnicas tradicionais acreditando que o lúdico é eficaz como estratégia do desenvolvimento na sala de aula.
Espera-se que esta proposta de abordagem vá de encontro com o que foi proposto realizar, e
essencialmente, que seja de suporte para professores que já atuam no ambiente escolar, e aos futuros professores a tornar suas aulas mais dinâmicas fazendo com que a sala de aula se transforme num lugar prazeroso, construindo a integração entre todos que a frequentam.
 
Monalisa Lisboa
Associação Brasileira de Brinquedotecas - 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

POEMA PEDAGÓGICO - ANTON MAKARENKO




SINOPSE OFICIAL (site: http://editora34.com.br):
Redigido entre 1925 e 1935 sob o incentivo constante do escritor Maxím Gorki, Poema pedagógico é uma obra única que, por um lado, se lê como um romance da mais alta qualidade literária; por outro, traz o relato de uma das experiências mais singulares, radicais e bem-sucedidas da história da educação — a Colônia Gorki, na União Soviética, que, de 1920 a 1928, transformou centenas de menores abandonados e jovens infratores, muitos com várias passagens pela polícia, em ativos cidadãos.
     Com matéria extraída da vida real e personagens de carne e osso que marcam fundo a imaginação do leitor, Anton Semiónovitch Makarenko (1888-1939) narra com impressionante franqueza o dia a dia da colônia — os altos e baixos, os dilemas, o aprendizado na base da tentativa e erro, as duras conquistas —, num processo em que a experiência conduzida por ele e seus educandos, baseada no conceito de um coletivo autogerido, se vê constantemente ameaçada pelos entraves da burocracia e pelas autoridades pedagógicas da época.
Construído numa linguagem fluente e direta, de grande riqueza de registros — reproduzida com toda força e criatividade na tradução de Tatiana Belinky —, este livro, atualíssimo na forma e nos problemas que aborda, não só firmou o nome de Makarenko como um dos grandes educadores do século XX, como realizou uma proeza rara: ser, ao mesmo tempo, clássico e revolucionário.






O Poema Pedagógico é um relato da vasta experiência do pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko (1888 – 1939) durante o período em que ele dirigiu a instituição que ficou conhecida como Colônia Gorki e que era responsável pela reintegração social de jovens soviéticos “transviados”. 
O livro de Anton Makarenko é uma espécie de romance, com direito a belas descrições e produndas caracterizações das personagens; todavia, o que torna esse livro realmente interessante são as diversas passagens reais em que ocorrem aprendizados importantes de Makarenko e de seus “gorkianos” sobre o valor do trabalho em função de um coletivo autogerido.
Desde o início do trabalho de Anton Makarenko na Colônia Gorki, estabeleceu-se uma cultura voltada para o trabalho gerida pelos próprios colonistas, que trabalhavam algumas vezes em três turnos para darem conta das tarefas de cada um dos “destacamentos” da colônia. Essa cultura, composta de muitos valores e rituais compartilhados entre os membros da colônia, rendeu muitas críticas ao modelo pedagógico criado por Anton Makarenko, que além de enfrentar cotidianamente inúmeros entraves burocráticos, foi perseguido implacavelmente por seus pares que consideravam-no muito autoritário e antipedagógico – não necessariamente nesta ordem.
Na Colônia Gorki, os gorkianos trabalhavam para manterem o “Coletivo” funcionando e, embora respeitassem e tivessem muito afeto por Anton Makarenko, seus interesses estavam relacionados ao próprio trabalho como maneira de encontrar uma libertação de seu passado e presente desgraçados e reiniciarem suas vidas produtivas na nova e revolucionária sociedade soviética recém-estabelecida. Para Anton Makarenko, pouco importava o que havia no passado de cada colonista, desde que este estivesse disposto a se adaptar à cultura da Colônia Gorki voltada ao trabalho como meio de realização dos sonhos coletivos.

Os acontecimentos narrados no livro se passam na Ucrânia entre 1920 e 1928 e é impossível pensar na proposta pedagógica de Anton Makarenko sem contextualizá-la aos acontecimentos políticos e culturais que se desenrolavam na recém-estabelecida União Soviética. Neste sentido, não é possível fazer um recorte da proposta de Makarenko e replicá-la em outros períodos e países por sua própria natureza e estrutura. Entretanto, isso não desvaloriza as numerosas pérolas espalhadas ao longo deste livro, relacionadas à estúpida e pretensiosa sabedoria acadêmica, aos problemas do comunismo posto em prática, às fantásticas criações e desenvolvimento de seres humanos, etc.


Em suma, gostei muito deste livro. A edição da Editora 34 tem 656 páginas com tradução de Tatiana Belinsky e pósfácio de Zóia Prestes. Recomendo a leitura do Poema Pedagógico à pedagogos e demais pessoas interessadas em educação e cultura soviética de um modo geral.
  


TRECHO:
“Claro que se travava de menores abandonados e transviados autênticos, mas não eram, por assim dizer, do tipo clássico. Por alguma razão desconhecida, na nossa literatura e na nossa intelligentsia, formou-se sobre o menor abandonado a imagem de uma espécie de herói byroniano. O transviado é antes de tudo como que um filósofo, e, além disso, muito espirituoso, anarquista e demolidor, vagabundo debochado e inimigo de absolutamente todos os sistemas éticos. Os lacrimosos e assustados ativistas pedagógicos acrescentaram a essa imagem todo um sortimento de plumagens mais ou menos frondosas, arrancadas dos rabos da sociologia, da reflexologia e de outros dos nossos parentes ricos. Eles acreditavam piamente que os menores abandonados são organizados, que possuem líderes e disciplina, toda uma estratégia de ação criminosa e regras de comportamento interno. E nem mesmo lhes pouparam termos científicos especializados: ‘coletivo autogerado’, e etc.” 


Publicado em http://notasqualquercoisa.blogspot.com.br/2012/09/poema-pedagogico-anton-makarenko.html

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Democracia Racial...

Democracia Racial - Por Rainer Sousa

 
democracia racial

No Brasil, a história de seus conflitos e problemas envolveu bem mais do que a formação de classes sociais distintas por sua condição material. Nas origens da sociedade colonial, o nosso país ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas.
Em nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano. Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se sentem deslocados. Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar que alguém só é negro quando tem pele "muito escura". Com certeza, esse tipo de estranhamento e pensamento não é misteriosamente inexplicável. O desconforto, na verdade, denuncia nossa indefinição mediante a ideia da diversidade racial.
É bem verdade que o conceito de raça em si é inconsistente, já que do ponto de vista científico nenhum indivíduo da mesma espécie possui características biológicas (ou psicológicas) singulares. Porém, o saber racional nem sempre controla nossos valores e práticas culturais. A fenotipia do indivíduo acaba formando uma série de distinções que surgem no movimento de experiências históricas que se configuraram ao longo dos anos. Seja no Brasil ou em qualquer sociedade, os valores da nossa cultura não reproduzem integralmente as ideias da nossa ciência.
Dessa maneira, é no passado onde podemos levantar as questões sobre como o brasileiro lida com a questão racial. A escravidão africana instituída em solo brasileiro, mesmo sendo justificada por preceitos de ordem religiosa, perpetuou uma ideia corrente onde as tarefas braçais e subalternas são de responsabilidade dos negros. O branco, europeu e civilizado, tinha como papel, no ambiente colonial, liderar e conduzir as ações a serem desenvolvidas. Em outras palavras, uns (brancos) nasceram para o mando, e outros (negros) para a obediência.
No entanto, também devemos levar em consideração que o nosso racismo veio acompanhado de seu contraditório: a miscigenação. Colocada por uns como uma estratégia de ocupação, a miscigenação questiona se realmente somos ou não pertencentes a uma cultura racista. Para outros, o mestiço definitivamente comprova que o enlace sexual entre os diferentes atesta que nosso país não é racista. Surge então o mito da chamada democracia racial.
Sistematizado na obra "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, o conceito de democracia racial coloca a escravidão para fora da simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é historicamente articulada com relatos e dados onde os escravos vivem situações diferentes do trabalho compulsório nas casas e lavouras. De fato, muitos escravos viveram situações em que desfrutavam de certo conforto material ou ocupavam posições de confiança e prestígio na hierarquia da sociedade colonial. Os próprios documentos utilizados na obra de Freyre apontam essa tendência.
Porém, a miscigenação não exclui os preconceitos. Nossa última constituição coloca a discriminação racial como um crime inafiançável. Entre nossas discussões proferimos, ao mesmo tempo, horror ao racismo e admitimos publicamente que o Brasil é um país racista. Tal contradição indica que nosso racismo é velado e, nem por isso, pulsante. Queremos ter um discurso sobre o negro, mas não vemos a urgência de algum tipo de mobilização a favor da resolução desse problema.
Ultimamente, os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta maneira, criamos a estranha situação onde "todos os outros podem ser racistas, menos eu... é claro!". Isso nos indica que o alcance da democracia é um assunto tão difícil e complexo como a nossa relação com o negro no Brasil.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Por que ler e oferecer histórias que falem das culturas africanas e com protagonistas negros?

Por que ler e oferecer histórias que falem das culturas africanas e com protagonistas negros?

 

Será que para uma criança faz alguma diferença o contato com livros que contem histórias das culturas africanas e ou que possuam personagens negros com imagens positivas? Será que tais livros podem influenciar na sua maneira de ser e de se ver como negro?
 
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) alterada pela lei 10.639/2003 legitima o direito de conhecer a história do negro para além da escravidão e aponta a literatura como um dos caminhos para que se trabalhe o tema.


Minha pesquisa de mestrado e a experiência com turmas em escolas têm mostrado que faz muita diferença para a criança negra ou não negra ter contato com histórias nas quais os negros não sejam retratados como infelizes, sofredores, pobres coitados vítimas de maus tratos.
O contato com histórias nas quais o negro tenha vida, sejam seres históricos sociais têm apontado resultados positivos na (re)contrução da autoestima de crianças negras e na maneira como as crianças não negras se relacionam com as crianças negras.
 
É importante ressaltar que tais histórias não devem aparecer na sala de aula apenas em maio, quando se fala da abolição da escravatura e/ou em novembro quando se fala da Consciência Negra. Estas histórias precisam estar presentes todos os dias como qualquer outra história. Não se trata de substituir uma por outra, mas sim de incluir.
 
Muitos livros que contam histórias de culturas africanas e ou com protagonistas negros(as) estão sendo publicadas, mas ainda não são muito fáceis de serem encontradas.
 
Neste espaço, quero poder compartilhar alguns livros que já tive a oportunidade de ler para turmas em escolas e ou disponibilizar para que as crianças lessem. Objetivo também trazer algumas considerações sobre várias publicações.
 
http://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-01-14T22:17:00-02:00&max-results=50

Compartilhando - Livros infanto-juvenis de temática afro-brasileira - parte V!

Cadê você, Jamela?

Escrita e ilustrada por Niki Daly - SM Edições
Como reagimos às mudanças? Algumas pessoas são muitos resistentes, pois o que é novo pode despertar alguns sentimentos como medo, ansiedade, etc.
Desta vez, Jamela fica sabendo que sua mãe conseguiu um novo emprego e que isto resultará em uma mudança de casa. A ideia de ter que ir para uma nova casa não a agrada.
Agora imagine a confisão quando depois do caminhão carregado, pronto para a partida, a mãe  de Jamela procura por ela e não a encontra.  Toda a comunidade começa a procurar por Jamela.
A vida em comunidade, a solidariedade, a empatia são sentimentos que perpassam esta história.
O texto traz também a importância da música e da dança como forma de expressão de sentimentos para muitos povos africanos.


O que tem na panela, Jamela?

Escrita e ilustrada por Niki Daly  - Edições SM
"O que tem na panela, Jamela?" é o primeiro livro de uma série. Jamela, a protagonista, é uma menina esperta, inteligente que procura soluções para as diversas situações que vive. Neste texto, Jamela se encarrega de cuidar de uma galinha que sua mãe comprou para fazer no Natal. Mas a menina não só cuida como cria um certo laço afetivo com a ave, tornando-a seu bicho de estimação. A galinha, bem cuidada, fica no ponto para ser consumida no Natal. E aí? Como fazer para que seu bichinho não vá para a panela? Jamela busca uma solução.
O livro traz, ao final, um vocabulário com palavras de outras línguas que aparecem no texto.
Pelas ilustrações é possível perceber o cuidado com as roupas, com os cabelos, com a casa, com as pessoas.
Em algumas páginas, as ilustrações se assemelham a uma fotografia, não só pela suavidade dos traços como também pelos detalhes com que retratam o cotidiano.
As histórias desta série se passam na África do Sul, país sede da Copa do Mundo 2010, sendo assim, fica aí uma sugestão de leitura para contribuir com os projetos.


As tranças de Bintou

Escrita por Sylviane A. Diouf e ilustrado por Shane W. Evans - Ed. Cosac & Naify
Bintou é uma menina que sonha em ter tranças no cabelo. No entanto, a tradição de sua aldeia não permite que crinças usem cabelos trançados. O livro evidencia aspectos como respeito à sabedoria dos mais velhos e respeito às tradições. Mesmo após um ato heróico pelo qual a mãe disse que a menina receberia como prêmio a realização de um desejo, sua avó não fez as tão sonhadas tranças. No entanto, a menina que inicia a história dizendo que seu cabelo é "bobo e sem graça" termina gostando dele. Sua avó, com sua sabedoria é quem contribui para a mudança da menina na forma de se ver.
O tema cabelo é delicado principalmente para as meninas negras, mas o livro trata o assunto de forma a valorizar a estética negra.
Roupas coloridas, adornos, diferentes trançados de cabelos fazem parte da rica das ilustração dese livro.

 

Chuva de manga

Escrito e ilustrado por James Rumford. Ed. Brinque-Book.
A história se passa no Chade, país de grande extensão, mas não muito populoso. O título do livro indica um acontecimento que ocorre no país. A chamada "chuva de manga" é a chuva que cai no início do ano e favorece o florecer das mangueiras que, alguns meses depois, estão carregadas de mangas maduras.
As ilustrações e o texto contribuem para que se conheça um pouco sobre o cotidiano em uma aldeia no Chade: diferenças étnicas que podem ser observadas através de diferentes roupas usadas,  o hábito de transportar objetos na cabeça e brinquedo mais comum que é  construído através do reaproveitamento: carrinhos e caminhões feitos de latas, tampinhas de refrigerante, etc..,
O livro traz dois acontecimentos paralelos: Da "chuva de manga" até a colheita da fruta e da coleta de sucata à confecção do carrinho de Thomás.
Destaco que o menino Thomás estuda e podemos ver crianças com cadernos nas mãos e o pai de Thomás lendo jornal. A importância disto está na contribuição para desconstruir a imagem errônea de que em África não se lê, não se estuda. Dia desses ouvi de um aluno de 10 anos: "Professora, lá na África só tem analfabeto. Ninguém lá sabe ler."
Uma dica: o prefácio deste livro traz informações que enriquecem a leitura e ainda um mapa que localiza o Chade no continente africano.


O comedor de nuvens

Escrito por Heloísa Pires Lima e ilustrado por Suppa - Ed. Paulinas
É a história de um povo que vive no reino Achanti e que alimentam-se de nuvens coloridas. Todas estão sempre ao alcance. Havia nuvens para todos os gostos e momentos. Mas também havia um glutão que modificou o sabor das nuvens e com isso toda a vida do reino. O céu se elevou ao máximo para proteger as nuvens e com isso o povo agora só aprecia as nuvens de longe, sem poder alcançá-las.
A ideia do uso indevido dos recursos naturais está presente no livro que possibilita uma reflexão sobre a possibilidade de perdermos elementos da natureza que nos são tão caros e que ainda estão ao nosso alcance.
Quanta coisa para pensar... Se quiser pensar. Quanta coisa para discutir... se assim quiser.
A história possibilita reflexão, mas trata tudo com muita delicadeza, sutileza e imaginação.
As ilustrções feitas em giz de cera retratam o colorido das roupas africanas com desenhos de elementos da natureza e figuras geométricas. Traçados fortes e cores quentes.


Que mundo Maravilhoso!

Escrito por Julius Lester e ilustrado por Joe Cepeda. Ed. Brinque-Book.

Professoa, Deus é preto?
Quantas vezes leio esta história para as crianças correspondem ao número de vezes que ouço esta pergunta ao final.
O livro conta uma versão sobre o que aconteceu logo após a criação do mundo. Deus, após contemplar sua obra, recebe críticas de Flora, um anjo encarregado de tudo.
As ideias para a melhoria do mundo vão surgindo a partir das críticas e das ajudas que Deus vai recebendo.
Neste livro, Deus é negro, casado,  e ouve opinião para criação do mundo e o que mais chama a atenção das crianças se refere ao fato de ele ser negro.
Este livro, independente de crença ou religião, além de provocar uma discussão sobre Deus poder ou não ser negro, possibilita uma desconstrução no modo de imaginar a personificação de Deus. Que outras possibilidades? De que outras maneiras ele poderia ser?
Certa vez, ouvi de uma criança negra de uns 9 anos: "Deus não merece ser preto". Discutimos sobre o assunto, mas tal frase me fez ter a certeza da importância de contar muitas e muitas histórias com personagens negros e de que ainda temos muito para desconstruir e reconstruir.


O Rei Preto de Ouro Preto

Texto: Sylvia Orthof. Ilustrações Rogério Borges - Ed. Global
De forma poética a autora conta sua versão para a história do líder Chico Rei. Um passeio pela História que começa em África e vem para o Brasil  através dos versos e das imagens. O livro fala de luta, de liberdade, resistência.
Um aluno sempre que o livro estava para empréstimo na sala costumava pegar este livro. Um dia quis saber o motivo de ele sempre querer ler e reler este livro. Ele me disse: "Ele é negro e um pouco mineiro como eu."






O cabelo de Lelê

Lelê é uma menina negra que inicialmente, não gosta de seus cabelos cheios de cachinhos, mas ao ler no livro sobre o continente africano descobre através da leitura sobre sua ascendência. E não tem como... Passa a gostar mais de si mesma e principalmente de seus cachinhos.
A questão abordada no livro vai ao encontro do que objetiva a lei 10.639/03, pois conhecer a história do negro e da África contribui para elevar a autoestima e também para maior compreensão sobre as diferenças étnicas sem preconceitos, sem racismos.
O texto é de Valéria Belém e as ilustrações são de Adriana Mendonça.  Companhia Editora Nacional


Aída

"Pricesa preta? Eu nunca vi!"
Foi o que ouvi de uma aluna negra de 9 anos quando iniciei a leitura deste livro para uma turma. Como a história não é curta, fiz a leitura em capítulos. Cada dia, lia uma parte. Quando finalizei coloquei o livro na estante junto com os demais que estavam disponibilizados para leitura. A aluna correu, pegou o livro e disse: "Caraca! É princesa mesmo!"
Vi que mesmo eu lendo o livro foi difícil para ela acreditar se tratar de uma princesa preta. Afinal, como são representadas as princesas em boa parte dos livros e filmes?


Baseado na ópera Aída de Giuseppe Verdi este livro é um reconto de Leontyne Price  ilustrado por Leo e Diane Dillon.
O livro conta a história de uma princesa egípcia dividida entre o amor ao seu pai e seu povo e uma paixão por um guerreiro do exército egípicio, inimigo de seu povo.
A beleza das roupas e adornos estão presentes nas ilustrações que têm cores quentes e traços delicados.
Todas as páginas possuem na borda desenho de flores na cor do ouro lembrando objetos da realeza.
Ed. Ática


Bruna e a galinha d'angola

O texto é de Gercilga de Almeida e as ilustrações de Valéria Saraiva. Ed. Pallas
A galinha d'angola é uma ave originária do continente africano. É um símbolo.
Neste texto, dentro da história de uma menina, neta de africana, que conquista amizades depois que ganha um galinha d'angola,  a autora também conta uma história da criação do mundo.
O texto mostra o quanto que se carrega de histórias na memória e o quanto que objetos significativos podem ser fundamentais para o ato de rememorar.
Histórias contagiam e podem trazer transformações. É o que vemos também nesta obra e, muitas vezes, na vida. 


Para os que apreciam atividades de Artes em conjunto com histórias, este livro sugere a arte de modelar o barro e a pintura de tecidos. E por que não colocar em prática?

Fonte da imagem: http://www.pallaseditora.com.br/ 


Falando Banto

Eneida D. Gaspar escreveu e Victor Tavares ilustrou. Ed. Pallas
O texto verbal é formado por palavras de origem africana que fazem parte do vocabulário brasileiro. São tantas palavras... Umas mais faladas em determinadas regiões do país do que outras, mas muitas, muitas muito conhecidas. São palavras que falamos na escola, na rua, na vida. E quanta vida encontramos nas palavras!
A cada página virada, um poema com um diferente tema.
As ilustrações retratam o movimento da língua, muito presente neste texto, como também movimento que é  tão característico nas culturas africanas.


Fonte imagem: http://www.pallaseditora.com.br/


As panquecas de Mama Panya

Escrito por Mary e Rich Chamberlin e ilustrado por Julia Cairna - Editora SM.
A história que se passa no Quênia fala sobre colaboração, solidariedade e amizade.
Ao sair com a mãe para comprar ingredientes para fazer panquecas (vikaimati), o menino convida amigos vai encontrando pelo caminho. A mãe fica preocupada, pois não tem como fazer panquecas suficientes para todos, já que possui apenas algumas moedas. Mas, para surpresa dela, é a ideia de colaboração que prevalece e possibilita um almoço mais do que suficiente para todos.
O livro traz um mapa situando o Quênia e mostra algumas de suas principais características. Mostra também como é um dia-a-dia no Quênia, alguns animais e plantas e umas palavras em kiswahili, uma das línguas locais. Ao final, uma receita de panqueca.
O livro é, portanto, rico em diferentes aspectos. Além da narrativa que costuma encantar e envolver crianças e adultos, seus complemnetos nos permitem ao leitor, situar-se um pouco mais.
fonte imagem: http://www.edicoessm.com.br/ver_noticia.aspx?id=7923
 
  
Ana e Ana
Célia Godoy escreveu e Fê ilustrou a história de duas iramãs gêmeas. O livro aborda sobre a igualdade e a diferença entre as duas e destaca o quanto para as pessoas que as rodeiam elas são  como uma unidade. A autora procura mostrar a singularidade de cada uma da infância à vida adulta.
As meninas são cuidadas pela avó, pois a mãe trabalha fora, o que nos sugere um tipo de formação de família muito comum nos dias de hoje.
Através do texto não verbal é possível perceber que as meninas têm amigos com diferentes características físicas e que a vida delas pode ser considerada confortável.
As irmãs brincam, estudam, crescem e se tornam profissionais das áreas que sempre gostaram.

Obs.: Entre os iorubás, a mãe que tem gêmeos é considerada uma privilegiada pelas divindades. O nascimento de gêmeos é comemorado positivamente. É um grande acontecimento.

Nas religiões de matrizes africanas, conta-se que os primeiros gêmeos foram os Ibejis, filhos de Oxum e Xangô e que deveria ser um sinal, um motivo de culto e veneração. Os gêmeos foram tratatados como deuses infantis.
Ed. DCL
 
 

O baú das histórias

Texto (reconto) e ilustração: Gail E. Haley - Ed. Global

As histórias alimentam nossas almas, nossos sonhos...
De onde vieram tantas histórias que ouvimos, lemos, contamos e recontamos e reinventamos?
Um dos contos do continente africano que procura explicar a origem das histórias é o Baú das Histórias.


Esta é mais uma das histórias de Ananse (Anancy ou Tia Nancy) que procuram contar como é que homens ou animais frágeis ou pequenos, por meio da inteligência, superam as dificuldades e vencem grandes obstáculos.

Nesta história, Anase é um homem-aranha que tece uma teia, sobe aos céus e, de volta à Terra, vence os três desafios que lhe são impostos para conseguir o Baú das Histórias que até então pertencia a Nyame, o Deus do céu.

Apesar de toda a sua fragilidade, Ananse se torna um vitorioso e ao abrir o baú na sua aldeia, as histórias se espalham pelo mundo.

As ilustrações em xilogravura trazem o colorido tão característico em culturas africanas.
 

Irmãos Zulus

O livro inicia com um provérbio Zulu: "A terra, como a chuva, não pertence a ninguém. Deve ser dividida por todos." Penso que assim também são as histórias. Devem ser divididas, compartilhadas...

O livro de autoria de Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Ciça Fittipadi traz a história de três irmãos. Os dois mais velhos saem de casa em busca de fortuna. O mais novo respeita os seres da natureza considerando, por exemplo, a vida de uma formiga tão valiosa quanto a de um ser humano. E é através deste respeito que coloca em prática, que surgem as possibilidades e ajudas necessárias para realizar três tarefas desafiadoras e salvar os irmãos de uma situação complicada.

As ilustrações trazem o colorido africano e a arte dos adornos do povo Zulu.
Ed. Lorousse Junior
 
 

A semente que veio da África



Textos: Heloísa Pires, Georges Gneka e Mário Lemos - Ilustração: Véronique Tadjo - Editora: Salamandra


Você conhece uma árvore chamada Adansônia? E embondeiro? Talvez conheça pelo nome de Baobá! Vários nomes e uma só espécie com muitas histórias para serem contadas. Este livro traz recontos que falam desta árvore que é um símbolo no continente africano sendo considerada como "a árvore da palavra". É uma árvore gigante na largura e na altura. Aqui no Brasil há algumas destas árvores.
O título dos livro nos remete à esta relação inseparável: África-Brasil. As histórias contidas neste livro trazem muito das tradições africanas como os "griots" e o respeito à sabedoria dos mais velhos.
Uma das histórias contidas no livro traz uma "explicação" para o fato de esta árvore ter os galhos voltados para cima e parecidos com raízes.
Ao final da livro, encontramos fotografias do Baobá em África e no Brasil, seus frutos, flores e crianças brincando com suas sementes.
As ilustrações são desenhos que têm o colorido que estão presentes nas padronagens e artes africanas.
 

A menina do feijão suculento

A menina do feijão suculento – texto: Stela Barbieri ilustração: Fernando Vilela - Ed. Escala Educacional.
Tenho lido este livro para várias turmas e as crianças gostam muito.
Ele conta a história de uma menina que mora em um lugar onde as pessoas vivem praticamente da plantação. Um dia, a seca toma conta do lugar. A fome se espalha e com ela mudam as relações entre as pessoas. A comunidade se torna triste e desanimada. A protagonista inventa uma forma de somar e dividir o alimento com a colaboração de todos e com isto se restabelecem as relações interpessoais, o sentido de grupo e de solidariedade.
O tema do livro está relacionado a um dos objetivos do projeto estabelecido pela ONU em 2000: "8 jeitos de mudar o mundo".

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