quarta-feira, 30 de outubro de 2013

POEMA PEDAGÓGICO - ANTON MAKARENKO




SINOPSE OFICIAL (site: http://editora34.com.br):
Redigido entre 1925 e 1935 sob o incentivo constante do escritor Maxím Gorki, Poema pedagógico é uma obra única que, por um lado, se lê como um romance da mais alta qualidade literária; por outro, traz o relato de uma das experiências mais singulares, radicais e bem-sucedidas da história da educação — a Colônia Gorki, na União Soviética, que, de 1920 a 1928, transformou centenas de menores abandonados e jovens infratores, muitos com várias passagens pela polícia, em ativos cidadãos.
     Com matéria extraída da vida real e personagens de carne e osso que marcam fundo a imaginação do leitor, Anton Semiónovitch Makarenko (1888-1939) narra com impressionante franqueza o dia a dia da colônia — os altos e baixos, os dilemas, o aprendizado na base da tentativa e erro, as duras conquistas —, num processo em que a experiência conduzida por ele e seus educandos, baseada no conceito de um coletivo autogerido, se vê constantemente ameaçada pelos entraves da burocracia e pelas autoridades pedagógicas da época.
Construído numa linguagem fluente e direta, de grande riqueza de registros — reproduzida com toda força e criatividade na tradução de Tatiana Belinky —, este livro, atualíssimo na forma e nos problemas que aborda, não só firmou o nome de Makarenko como um dos grandes educadores do século XX, como realizou uma proeza rara: ser, ao mesmo tempo, clássico e revolucionário.






O Poema Pedagógico é um relato da vasta experiência do pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko (1888 – 1939) durante o período em que ele dirigiu a instituição que ficou conhecida como Colônia Gorki e que era responsável pela reintegração social de jovens soviéticos “transviados”. 
O livro de Anton Makarenko é uma espécie de romance, com direito a belas descrições e produndas caracterizações das personagens; todavia, o que torna esse livro realmente interessante são as diversas passagens reais em que ocorrem aprendizados importantes de Makarenko e de seus “gorkianos” sobre o valor do trabalho em função de um coletivo autogerido.
Desde o início do trabalho de Anton Makarenko na Colônia Gorki, estabeleceu-se uma cultura voltada para o trabalho gerida pelos próprios colonistas, que trabalhavam algumas vezes em três turnos para darem conta das tarefas de cada um dos “destacamentos” da colônia. Essa cultura, composta de muitos valores e rituais compartilhados entre os membros da colônia, rendeu muitas críticas ao modelo pedagógico criado por Anton Makarenko, que além de enfrentar cotidianamente inúmeros entraves burocráticos, foi perseguido implacavelmente por seus pares que consideravam-no muito autoritário e antipedagógico – não necessariamente nesta ordem.
Na Colônia Gorki, os gorkianos trabalhavam para manterem o “Coletivo” funcionando e, embora respeitassem e tivessem muito afeto por Anton Makarenko, seus interesses estavam relacionados ao próprio trabalho como maneira de encontrar uma libertação de seu passado e presente desgraçados e reiniciarem suas vidas produtivas na nova e revolucionária sociedade soviética recém-estabelecida. Para Anton Makarenko, pouco importava o que havia no passado de cada colonista, desde que este estivesse disposto a se adaptar à cultura da Colônia Gorki voltada ao trabalho como meio de realização dos sonhos coletivos.

Os acontecimentos narrados no livro se passam na Ucrânia entre 1920 e 1928 e é impossível pensar na proposta pedagógica de Anton Makarenko sem contextualizá-la aos acontecimentos políticos e culturais que se desenrolavam na recém-estabelecida União Soviética. Neste sentido, não é possível fazer um recorte da proposta de Makarenko e replicá-la em outros períodos e países por sua própria natureza e estrutura. Entretanto, isso não desvaloriza as numerosas pérolas espalhadas ao longo deste livro, relacionadas à estúpida e pretensiosa sabedoria acadêmica, aos problemas do comunismo posto em prática, às fantásticas criações e desenvolvimento de seres humanos, etc.


Em suma, gostei muito deste livro. A edição da Editora 34 tem 656 páginas com tradução de Tatiana Belinsky e pósfácio de Zóia Prestes. Recomendo a leitura do Poema Pedagógico à pedagogos e demais pessoas interessadas em educação e cultura soviética de um modo geral.
  


TRECHO:
“Claro que se travava de menores abandonados e transviados autênticos, mas não eram, por assim dizer, do tipo clássico. Por alguma razão desconhecida, na nossa literatura e na nossa intelligentsia, formou-se sobre o menor abandonado a imagem de uma espécie de herói byroniano. O transviado é antes de tudo como que um filósofo, e, além disso, muito espirituoso, anarquista e demolidor, vagabundo debochado e inimigo de absolutamente todos os sistemas éticos. Os lacrimosos e assustados ativistas pedagógicos acrescentaram a essa imagem todo um sortimento de plumagens mais ou menos frondosas, arrancadas dos rabos da sociologia, da reflexologia e de outros dos nossos parentes ricos. Eles acreditavam piamente que os menores abandonados são organizados, que possuem líderes e disciplina, toda uma estratégia de ação criminosa e regras de comportamento interno. E nem mesmo lhes pouparam termos científicos especializados: ‘coletivo autogerado’, e etc.” 


Publicado em http://notasqualquercoisa.blogspot.com.br/2012/09/poema-pedagogico-anton-makarenko.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário