quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Compartilhando livros infanto-juvenis sobre a Negritude afro-brasileira - parte IV

A ovelha negra

Escrito por Bernardo Aibê e Ilustrado por Mariana Massarani - Ed. Mercuryo Jovem
O livro conta a história de uma ovelha que não gostava de ser negra. Queria ser igual às outras que eram brancas e com isso, sofria. Vivia triste. Embora não fosse desprezada pelas demais, sentia-se mal por se sentir e ser vista como diferente. A ovelha passa por um processo de conscientização e descobre que pode e deve ser feliz sendo uma ovelha negra. Ela passa a gostar de si mesma ao perceber que não precisa ser igual às outras para ser feliz.
Assim como a história fala de uma ovelha, não se difere de tantas pessoas que, devido aos padrões de beleza estabelecidos, acabam por se sentirem mal por sua pele negra. O desejo de embranquecer passa a ser um ideal da sociedade e de si. E para quê? Quantas e quantos alunas e alunos não temos em nossa sala de aula como a "ovelha negra" desta história?

 

Outros contos africanos para crianças brasileiras



Escritro por Rogério Andrade Barbosa e ilustrrado por Maurício Veneza  - Ed. Paulinas
O livro traz duas fábulas: a primeiro tenta explicar o por que de as galinhas d'angola terem pintas brancas. A segunda, sobre o motivos pelo qual  os porcos têm fucinho curto. Uma das histórias fala sobre uma premiação por um esforço que ajudaria a todos da localidade. A outra fala sobre inveja,enganação e  inocência.
Para quem gosta de oferecer outras linguagens acompanhadas das histórias, uma sugestão é após ou antes da história da galinha, ouvir, cantar e brincar com a música: "A galinha d'angola" de Vinícius de Moraes e Toquinho. E por que não também modelar galinhas d'angola ou usar outras técnicas como pintura ou colagem?

Histórias da Preta

Escrito por Heloísa Pires de Lima e ilustrado por Laurabeatriz - Ed. Companhia da Letrinhas
Através deste livro é possível conhecer muito sobre África: História, culturas e religião de matriz africana  contado pelo olhar crítico e questionador da personagem que da nome ao livro. No decorrer da história vemos que a menina questionoa também sobre o que é ser negro, o que o termo carrega de identificações negativas que podem levar a negação do ser negro. Paralelo a isto a personagem nos mostra o quanto é importante e significativo conhecer sobre a ascendência negra para a formação de uma identidade negra positiva. Quantos e quantas meninos e meninas não se idenficarão com  a "Preta" e seus questionamentos?
Há muitas  histórias dentro desta narrativa com riquezas de informações. As ilustrações trazem também contribuições significativas.
Como o texto pode ser considerado grande, uma sugestão é ler a história em capítulos. Vira uma "novela" com muita aprendizagem.

ABC do continente africano

Escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Luciana Justiniani Hees - Ed. SM
Como o próprio título sugere, o livro passeia pelo continente africano com sua diversidade e seus contrastes através das 26 letras do alfabeto. Para cada letra uma palavra. Algumas nos parecem tão simples, como a palavra mercado, mas que o autor de forma até poética e a ilustradora com certa riqueza em alguns detalhes, conseguem nos mostrar a importância e a movimentação existente no mercado como parte da cultura de povos africanos.
Encontramos então palavras que nos são familiares como HISTÓRIAS e outras nem tanto como: KALAHARI.
É ler e conhecer um pouquinho deste continente com o qual muito podemos aprender.
 

Um safári na Tanzânia

Escrito por Laurie Krebs e ilustrado por Julia Cairns - Ed. SM
Através do livro fazemos uma viagem com crianças Massai pelas savanas da Tanzânia.
As crianças de Educação Infantil se encantam e se sentem instigadas a descobrir o quantitativo de cada animal em seu habitat contando ou pelas rimas que o texto também apresenta.
Em cada página, ao lado do numeral que representa a quantidade de animais que foram contados por cada criança da história está escrito o nome deste numeral na língua kswahili.
As ilustrações retratam os tipos e cores de trajes e ornamentos tradicionais do povo Massai.
Ao final do livro encontramos pequenos textos que falam sobre: algumas características dos dez (kumi) animais que aparecem durante o safári; nomes das crianças que aparecem no texto e seus significados; caracterísscas e um pouco da história da Tanzânia e os numerais com as palavras em kswahili e em português.
Este é o tipo do livro que os pequenos, ao final, costumam dizer: "Conta de novo!"
 

Tequinho, o menino do samba

Escrito por Neusa Rodrigues e Alex Oliveira e ilustrado por Mello Menezes - Ed. Rovelle
O livro conta a história de um menino que nasce e mora numa comunidade onde o samba faz parte da vida e das histórias do lugar. É um menino toca na bateria e tem sonhos grandiosos para a escola de samba que faz parte da sua vida.
A tradição de contar histórias oralmente está presente no livro, pois a avó conta e reconta as histórias da escola de samba da comunidade para que faça parte da memória do grupo favorece também o sentimento de pertença.
O livro mostra alguns valores civilizatórios africanos como: memória, ludicidade, comunitarismo e oralidade. As ilustrações evidenciam ainda um outro valor civilizatório: a circularidade.
Ao final do livro encontramos um glossário que conta um pouco da história e/ou explica sobre palavras que estão ligadas ao Carnaval.
Quantos "Tequinhos" e "Tequinhas" será que temos em sala de aula e muitas vezes não nos damos conta da existência e das histórias deles e delas?


Ulomma - A casa da beleza e outros contos e Contos da Lua e a Beleza Perdida

Escritos por Sunny e ilustrados por Denise Nascimento - Ed. Paulinas
Os dois livros trazem contos tradicionais africanos. Embora tenha contos com animas, incluindo uma versão da história da tartaruga que vai à uma festa no céu, a maioria conta histórias de gente. As narrativas falam de diversas formas de amor e todas com muito encantamento. Há canções mágicas, estrelas cadentes, bruxas, fadas, animais com poderes mágicos etc... Temas como inveja e orgulho também estão muito presentes. São histórias para serem contadas e recontadas como os que são considerados como Contos Clássicos da literatura infanto-juvenil. 
Em relação às ilustrações, considero-as indescritíveis. Elas conseguem traduzir boa parte da emoção que estes contos nos trazem. Além disso, detalhes dos cabelos ou até mesmo a ausência deles, roupas, ornamentos nos conduzem ao continente africano e suas tradições.


















Erinlé, o caçador e outros contos africanos e O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas


Escritos por Adilson Martins e ilustrados por Luciana Justiniani Hees - Ed. Pallas
São dois livros de contos e fábulas africanas que trazem temas universais, mas da forma como são contadas em alguns países africanos. São contos e fábulas que falam sobre a mentira, a inveja, a esperteza etc... São histórias que procuram explicar origens de algumas coisas, outras que procuram trazer alguma forma de ensinamento. As personagens, animais e ambientação nos reportam ao berço da humanidade.
Ao final de cada fábula ou conto encontramos um pequeno texto informativo sobre característica do local onde ocorre a narrativa ou da personagem principal (animal ou gente). Com isso, além de podermos conhecer histórias da tradição oral, aprendemos um pouco mais sobre animais nativos e histórias locais e costumes e tradições de alguns povos.
 

Contos africanos para crianças brasileiras

Escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Maurício Veneza Ed. Paulinas
O livro traz adaptação de dois da literatura oral de Uganda, um país do continente africano.
São histórias com temas muito populares e conhecidos, mas com as características do lugar de onde foram recolhidas.
Uma tenta explicar por que gato e rato se tornaram inimigos. A segunda, ainda mais conhecida, procura explicar a causa do casco rachado dos jabutis.
As duas histórias costumam encantar não só crianças como jovens e adultos.
Quem tiver a cesso ao DVDescola que foi distribuído pelo MEC a várias escolas, poderá além do livro, mostrar também a primeira história intitulada: "Amigos, mas não para sempre" em DVD, pois esta história faz parte do programa Livros Animados do Canal Futura.
É uma ótima experiência ler a história para os alunos e mostrá-la na telinha.


Kofi e o menino de fogo

Escrito por Nei Lopes e ilustrado por Hélène Moreau - Editora Pallas
A história se passa em Gana e o autor nos mostra algumas tradições comuns ao povo de Gana e também de diferentes povos africanos como: a forma de escolher o nome para uma criança e o respeito aos mais velhos. Através da narrativa, o autor fala de modos de vida em uma aldeia africana e alguns fatos históricos procurando fazer uma relação entre África e Brasil, situando o leitor no tempo.
O tema principal é a imagem prévia que se faz do outro, constituindo-se num preconceito, ou seja, um conceito antecipado sobre algo ou alguém.
Kofi, o protagonista que dá nome ao livro nunca tinha visto pessoas não negras, mas sabia que existiam e começa a imaginá-los de acordo com o que ouve falar. Um dia, visitantes estrangeiros chegam à aldeia e há o encontro entre Kofi e uma outra criança não negra que também tinha conceitos formados sobre as pessoas negras.
No encontro as expectativas, os conceitos são postos à prova.
O autor enfatiza a importância de se conhecer pessoas indo para além das aparências e das diferenças.
O livro traz, ao final, um pouco sobre a história de Gana e algumas características do lugar como: economia, vestuário, alimentação etc...
 

Feliz Aniversário, Jamela!

Escrita e ilustrada por Niki Daly - SM edições

Neste livro, Jamela apronta mais uma das suas. Ela transforma seu sapato novo, que ganhou da mãe como presente de aniversário, e que serviria tanto para passear quanto para ir à escola, no sapato de princesa que desejava ter. A mãe fica uma fera, pois não tem dinheiro para comprar outro sapato para a escola.
Mas nem tudo foi perdido. A criatividade da menina acabou sendo reconhecida e foi possível contornar a situação e obter um sucesso inesperado.
A família de Jamela é constituída, basicamente, por duas mulheres: mãe e avó, o que não difere muito da constituição de muitas famílias na atualidade.

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